O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta uma encruzilhada diplomática ao decidir se sanciona ou veta, até quarta-feira (18), o projeto que institui o Dia da Celebração da Amizade Brasil‑Israel no dia 12 de abril.

A proposta, originada em 2013 durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, foi reapresentada e aprovada pelo Senado no último mês de maio. Se sancionada, passa a integrar o calendário oficial, homenageando o estabelecimento da representação diplomática brasileira em Tel Aviv, em 1951.
Cenário de tensão
Desde o início de seu terceiro mandato, em janeiro de 2023, Lula tem sido fortemente crítico às ofensivas de Israel na Faixa de Gaza, classificando-as como “genocídio” e comparando-as ao Holocausto—a fala levou o governo israelense a declarar o presidente “persona non grata”.
Em fevereiro de 2024, durante visita à Etiópia, Lula afirmou:
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza […] existiu quando o Hitler resolveu matar os judeus”.
Autoridades israelenses reagiram duramente. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, acusou Lula de antissemita por equiparar a campanha de Gaza ao Holocausto.
Pressões internas
No Brasil, há forte apelo de entidades jurídicas pela rejeição do projeto. A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) enviou carta a Lula pedindo veto, argumentando que a criação da data equivaleria a “endossar políticas de extrema‑direita” do governo Netanyahu e ignoraria “flagrantes violações de direitos humanos”.
Setores da base aliada e parlamentares conservadores, por outro lado, defendem a sanção como um ato institucional de respeito às relações bilaterais.
O que pode acontecer
- Sancionar a lei seria um gesto de normalização diplomática com Israel, mas causaria repercussão negativa entre críticos das ações militares;
- Vetar, por sua vez, reforçaria a posição firme do governo em defesa dos direitos humanos, mas acirrar tensões diplomáticas com Netanyahu;
- Já a omissão, ou seja, não assinar nem vetar até o prazo, resultaria na promulgação automática do projeto – alternativa vista internamente como um caminho diplomático intermediário.
Contexto histórico
- A primeira versão, prevista para 29 de novembro, foi vetada por Dilma em 2013, pois coincidia com o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino da ONU.
- A nova proposta escolheu 12 de abril por marcar a criação da representação diplomática brasileira em Tel Aviv, em 1951.
source https://www.spagora.com.br/politica/2025/06/16/critico-governo-israel-lula-dilema-dia-amizade/